quarta-feira, 12 de junho de 2013

Targino Gondim conta a sua história e revela a programação para o São João

O sanfoneiro também relembra como começou sua carreira, a influência do pai sanfoneiro e do mestre Luiz Gonzaga


Foto: Divulgação
Sanfoneiro Targino Gondim
A Tribuna da Bahia começa uma série de entrevistas com forrozeiros que são figuras carimbadas no São João da Bahia. Para abrir o leque de artistas que encantam e animam os festejos juninos. O entrevistado desta terça-feira (11/06) é o cantor, compositor e sanfoneiro Targino Gondim.
O sanfoneiro, aos 40 anos, possui 17 anos de carreira com 19 CDs e 2 DVDs, e foi em 1996 que lançou o seu primeiro CD, titulado Baião Novo.
Targino, que é natural da cidade pernambucana de Salgueiro, também foi o compositor da música Esperando na Janela, que conquistou o Brasil na voz de Gilberto Gil, em 1999. Em 2001, o artista ganhou com este hit, o Grammy Latino como Melhor Canção Latino-Americana e Troféu Caymmi.

Assista ao vídeo de Targino Gondim - Esperando na Janela: 

Targino nos conta um pouco a história do seu autêntico forró, paixões, projetos, inspirações e a sua programação para a festa junina deste ano. Além de relembrar como começou sua carreira, a influência do pai sanfoneiro e do mestre Luiz Gonzaga. Confira a entrevista.

Tribuna da Bahia: Quando começou a manusear o acordeão, mais conhecido como sanfona? Esse estilo musical (forró tradicional), é uma herança do seu pai? Suas composições são realizadas com a sanfona? 
Targino Gondim: Aprendi a tocar sanfona com meu pai. Aos 12 anos de idade peguei a sanfona dele nos braços, e não larguei mais. Herdei dele o fascínio pela obra de Luiz Gonzaga. Depois disso, construí toda a minha história, com minhas composições e interpretações próprias, firmando assim, o meu estilo. Minhas músicas e arranjos são feitos com a sanfona no peito, sempre. Salvo uma ou outra parceria, onde às vezes estava sem ela. (risos)

TB: Referente ao Rei do Baião, pode-se dizer que Luiz Gonzaga foi o seu mestre? O conheceu ainda na infância?
T: Luiz Gonzaga será, quer queiram ou não, o mestre de todo sanfoneiro e forrozeiro. Ainda criança meu pai me levava pra ver todo show de Luiz na cidade, mas ele nunca chegou a me ver tocando. Já o Dominguinhos se lembra de mim com meu pai sempre por perto.
TB: Você é conhecido pela canção “Esperando na Janela”, interpretada por Gilberto Gil, na trilha sonora do filme “Eu, Tu, Eles”. Nos conte um pouco como foi o início da sua carreira ao lado do compositor baiano... 
T: Bom, eu entrei no filme Eu, tu, eles a convite da Regina Casé e do diretor Andrucha. O Gil fazia a trilha sonora do filme com canções de Luiz Gonzaga e 2 inéditas, compostas por ele. A Regina convenceu o Gil a gravar “Esperando na Janela” e deu no que deu. A música foi sucesso absoluto em todo o país, ganhei com ela o Grammy Latino, e recentemente o ECAD informou que ela é uma das 10 mais tocadas deste nosso século. Na época, o Gil me convidou pra fazer parte dos shows da turnê dele, e assim nós criamos um vínculo musical, artístico, e de muito respeito um pelo outro. Todos sabem da sensibilidade musical do Gil, e foi isso que fez com que ele enxergasse em mim um sanfoneiro, cantor e compositor com muita coisa boa pra mostrar pro mundo (palavras de Gil). Sou feliz por ter este amigo e gênio da Música Popular Brasileira ao meu lado.

TB: Dos projetos que realiza atualmente, como o Festival Internacional da Sanfona, em Juazeiro, a Orquestra Sanfônica do Vale do São Francisco e o evento de Celebração das Culturas dos Sertões. Poderia nos contar como surgiram essas ideias e com qual frequência são realizados?

T: O Festival Internacional da Sanfona eu criei junto com o Celso Carvalho, foi e é um sucesso absoluto. Estamos trabalhando pra realizar a terceira edição em breve. A Orquestra Sanfônica nasceu com o sucesso do Festival, com o objetivo de fortalecer a sanfona e seus sanfoneiros, dando espaço e vez a eles. Com isso, criei o Quinteto Sanfônico da Bahia e já realizamos algumas apresentações. 

TB: Falando sobre o São João, como é feita a escolha do repertório para a festa junina? 
T: Os critérios que uso para escolha do meu repertório junino se baseiam exclusivamente no meu público que me acompanha, elogia, critica. Com isso, sempre levo para a festa um show de sucessos, tanto próprios quanto de amigos e grandes clássicos juninos.

TB: Qual a sua música de trabalho para o São João deste ano?
T: Este ano tenho duas músicas de trabalho: Sou o forró, e Amor do bom com carinho. 
 
Assista ao vídeo de Targino Gondim - Sou o Forró:

TB: Como analisa as mudanças do São João na Bahia com a inserção de outros estilos musicais? Como avalia a organização da festa nos últimos anos? 

T: O São João da Bahia tem crescido extraordinariamente. Virou uma festa gigantesca em todas as cidades baianas. Sonorização, ornamentação e atrações artísticas. E nada mais segura, a não ser, o conceito utilizado pela grande maioria dos contratantes públicos, insistindo em uma grade de atrações que tem pouco ou nada haver com festa junina. Por enquanto, isso atrai multidões, ao mesmo tempo em que suga dos cofres públicos o orçamento que poderia beneficiar artistas do gênero e artistas locais, do próprio município.

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